Por Alexandre Alliatti, São Paulo
A noite da classificação às oitavas de final da Libertadores da América reforçou a impressão de que Cuca voltou ao Palmeiras sem ter realmente saído. Em 16 dias desde seu retorno, o treinador fez a equipe retomar movimentos que exercia no ano passado, na campanha do título nacional. O gol de Mina, o primeiro da vitória de 3 a 1 sobre o Atlético Tucumán, aos 15 minutos do primeiro tempo, foi um exemplo escancarado disso: uma jogada ensaiada à perfeição, envolvendo cinco jogadores cientes de cada ação do colega.
Repare abaixo na consciência da movimentação dos atletas. É uma cobrança de falta, e Dudu deixa a bola com Zé Roberto. Do lateral, ela parte para Guerra, enquanto Róger Guedes, acompanhado por Dudu, já parte para receber. Róger mata no peito e imediatamente aciona Mina, que manda para o gol. Nada ali foi por acaso.
Essa sintonia entre treinador e elenco já ficara evidente no primeiro jogo de Cuca em seu retorno, quando ele inverteu Jean e Tchê Tchê de posições e viu um gol sair logo depois, com participação de ambos, na goleada de 4 a 0 sobre o Vasco.
Nesta quarta-feira, Cuca teve mais uma aposta que logo surtiu efeito. No segundo tempo, mandou Willian a campo no lugar de Borja aos 14 minutos. Aos 23, o atacante fez o segundo gol do Palmeiras.
O problema é o que aconteceu entre os dois gols – o de Mina e o de Willian. O time alviverde permitiu que os argentinos o agredissem. Teve marcação frouxa, um meio-campo pouco agressivo e jogadores exageradamente estáticos. É um grande pecado, já que um dos principais méritos do ótimo elenco palmeirense é a capacidade de adaptação dos atletas a diferentes funções. Isso permite que eles confundam a marcação, migrem de um ponto a outro, se adaptem rapidamente a variações de funções.
Mas pouco disso foi feito, e Cuca percebeu. A ideia inicial de time, com dois volantes e três meias muito ofensivos, teve que ser desfeita – visto que o Tucumán dominava o setor. Quando colocou Willian no lugar de Borja, o treinador aproveitou para também tirar Róger Guedes e apostar em Fabiano. Com isso, Jean passou para o meio e deixou o setor mais cascudo na marcação. Trocou, a grosso modo, um 4-2-3-1 por um 4-3-2-1 – mas com Jean por vezes escapando ao ataque.
Fonte: g1.globo.com