Por Laura Veloso
Estamos em meio às comemorações juninas, é bem verdade, mas “dia da mulher é todo dia”. É comum ouvir essa frase em 8 de março, porém, nos outros 364 dias do ano elas continuam ralando para conciliar muitas vezes a rotina de trabalho puxado, cuidado com a saúde, filhos, casa e tantas outras responsabilidades, contudo, sem holofotes.
Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrarmos uma extensa lista de estudos que comprovam que as mulheres têm elevado e melhorado os índices de desempenho de empresas. Segundo dados da McKinsey Company, reconhecida como a líder mundial no mercado de consultoria empresarial, organizações com mais mulheres na liderança têm um resultado operacional 48% maior e 21% mais chances de terem desempenho financeiro acima da média.
Já os dados da Organização Internacional do Trabalho apontam que empresas que monitoram o impacto da diversidade de gênero na liderança reportam crescimento de 5% a 20% nos lucros. Para Cristiane Oliveira, especialista em desenvolvimento humano e liderança, esses dados refletem diretamente as características inatas das mulheres em gerenciar pessoas e processos.
“As mulheres possuem visão sistêmica. São atentas, focadas e têm olhar diferenciado para as necessidades, olhar que vai além do simples alcance de metas. Conseguem fazer uma gestão entre racional e emocional com equilíbrio, isto é, atuam com a constância e disciplina do detalhismo, mas principalmente com a intuição do “sentir”, levando sempre em consideração o outro”, afirma Cristiane.
Não que os homens não façam esse movimento, mas a especialista explica que é natural da essência feminina conseguir navegar em vários momentos da liderança. Inclusive são melhores em dar feedbacks com finalidade de desenvolver o outro, a influenciarem as pessoas a ser melhor, a ir além.
“Mulheres são mais abertas a novas ideias e a mudanças. Essa coragem de ousar e arriscar corrobora também com a maior facilidade da quebra do conservadorismo dentro da gestão. Possuem habilidade muito forte em alcançar resultados e são muito curiosas. Sempre se aprofundam no que fazem, pois não querem ser menos do que competentes. A mulher não abre mão da excelência, digamos assim”.
A empresária sertaneja, esposa e mãe, Aglaé Santos, é um exemplo do que os estudos afirmam. Há 13 anos ela capitaneia uma empresa atacadista do ramo de materiais de construção, sediada em Santana do Ipanema e com atuação em toda Alagoas, e conta com a retaguarda de uma gerência 100% feminina.
“A escolha das seis gerentes não foi proposital e, hoje, entendo claramente que foram as habilidades naturais somadas às competências das líderes da minha equipe que fizeram essa seleção acontecer naturalmente. Tenho um time engajado, organizado, comprometido e firme”, diz Aglaé.
Aldinny Luanny, gerente administrativa do Lourinho Distribuidor, relata que embora tenha um canal muito aberto de comunicação com todos os seus liderados homens e não se sinta intimidada, já houve situações pontuais em que percebeu certa resistência da parte deles em aceitar a total capacidade da mulher de liderar. “Já aconteceu tanto comigo quanto com outra colega, mas nada que atrapalhasse nosso trabalho. Inclusive, todas nós participamos de treinamento de liderança e certamente me sinto mais segura e preparada para desenvolver meu papel e superar qualquer desafio”, conclui Aldinny.
O setor atacadista, bem como o da construção civil, agropecuária e tantos outros em nosso estado e país, ainda é amplamente dominado pelos homens. E, apesar de cada dia mais as mulheres estarem presentes em cargos de gestão nos mais variados setores, incluindo esses em que são minoria, e se ter comprovações de seus benefícios, há muitos desafios a serem superados em busca da equidade no mercado de trabalho. Contudo, sigamos reconhecendo que mulheres são capazes de liderar com excelência de atuação e resultados, sim sinhô!